Olha,
Será que é uma foto?
Será que é miopia?
Será que é miragem?
Olha,
Será que é azul?
Será verdade a verdade que vi?
Será coragem olhar o seu mar?
Queria ver o ato esquecido,
Morar no ventre,
Cantar na varanda,
Entrar na poesia.
Olha,
Será que entendo?
Será que é fantástico?
Será uma ilusão?
Sinto no rosto o sopro da solidão,
Sinto na pele o vermelho comichão,
Sinto no braço o apoio esquecido
Sinto na boca um aluvião
Olha,
Será que mereço?
Será a bondade?
Será o tropeço?
A minha vida esvai no concreto
A minha alma reluz no clarão
E a minha luz é como deserto
Vale,
Andar abraçado,
Comer apressado,
Sentir o coração.
Sente,
A pele molhada,
A boca apertada,
O hálito calado.
Limpa,
O poço profundo,
A lama escondida,
O prato abusado.
Cala,
A palavra perdida,
A chama apagada,
O mundo de sombra.
Gira,
O meu desencanto,
O seu acalanto,
O nosso pião.
O meu umbigo é quase o seu,
A minha pele o seu abrigo,
O meu joelho dobra contigo.
A vida vale com uma atriz.
A vida corre como um chafariz.
O meu amor transborda em gole infeliz.
Vibra,
É quase doença,
É água revolta,
É sede de paz.
Salta,
É mundo feliz,
É mesmo uma atriz,
É bandeira azul ao vento
Sou uma mostra de peito feliz
um sopro verde de sonho de atriz.
Para sempre é sempre por um triz.
E se eu pudesse entrar na sua vida…..
Sergio Tango, 30 de abril de 2013 (com alguns “empréstimos” da linda poesia BEATRIZ de Chico Buarque e Edu Lobo)