O carro corria veloz pela larga avenida beirando o Rio da Prata.
Cedo, com aquele frio respeitável que faz jus a fama de Buenos Aires como uma cidade “semi-européia”, apesar da pobreza mesclada com a elegância do ambiente. Esta cidade me faz o cenário mental de um respeitável senhor meio inglês, meio italiano, com seu terno impecável, elegante, meio sujinho e puído no colarinho por anos de uso, anos de aristrocacia estudada e pouco dinheiro disponível.
Passamos por uma espécie de ancoradouro, bastante grande. Uma construção inglesa-americana, daquelas que se vê em filmes antigos com praia no tempo frio. Daqueles filmes que vemos as pessoas agasalhadas caminhando na areia em intermináveis conversas em meio ao madeiramento cruzado dos ancoradouros.
O rio estava calmo e completamente dourado pela luz intensa do sol nascente. Emoldurado em dourado-azul havia um sol crescendo em intensidade. Meu pescoço foi ficando bastante dolorido pela insistência em olhar para trás para ver o cais, o sol, o rio, a cor.
O taxi corria macio entre muitos carros, que não se importavam muito com o espetáculo gratuito seguindo sua vida corriqueira de cidade grande.
Seguimos o caminho para o escritório falando dos negócios, enquanto por dentro cada célula minha vibrava o brilho dourado da memória daquele amanhacer.
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