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Confúcio e os Acionistas

 

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Zi-Lu perguntou: “Se o Mestre quisesse conduzir um grande exército, quem gostaria de ter a seu lado?” Confúcio respondeu: “Aquele que conseguisse derrubar um tigre com as mãos nuas, atravessar um rio sem barco e saltar para a morte sem delongas; este eu não traria comigo. Deveria ser alguém que ponderasse as coisas, que pusesse em prática, com cuidado e atenção, aquilo que planejou”.

O dito de Confúcio varou sua mente enquanto seus olhos dançavam pelos resultados do ano e pelas mensagens de Ano Novo recebidas de sua equipe. “Obrigado por sua orientação neste ano”; “Vamos ter um novo ano sensacional”; reluzia o email. “Muitas felicidades e realizações para você e sua família; conte novamente comigo neste novo ano!”

“Neste ano crescemos, mas foi pouco e não batemos a concorrência como deveríamos!” Uma voz interferiu em sua mente como uma freada brusca deixando o rastro dos pneus no asfalto.

 “Obrigado por ter sido este anjo em nossas vidas!” dizia outro email… Talvez exagero, mas muita emoção, certamente.

Claro e límpido, o plano inicial ressurgiu em sua mente. Plantar bases, criar uma equipe verdadeira, gigante por ser um grupo e não apenas bons indivíduos. Uma operação simples, um trabalho humano, elaborado carinhosamente por todos. Novos processos, desenhados por pessoas. Nova energia, cultivada por pessoas.

O bote furado sendo aos poucos substituído pelo barco tecnológico do rafting; em pleno movimento, com muito suor, água por todos os lados, Alguns gritando em aparente desordem, outros compreendendo rápido e agindo em silêncio na reparação do que esvazia a energia. Veio à sua mente o esforço e dedicação que somente a confiança pode alcançar. De repente o barco começa a navegar com mais sentido, com a direção correta, Yes!!

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Confiança – Confúcio.

Segundo a sua filosofia, pode-se concluir que a tarefa mais importante do executivo é ser equilibrado. Isto tem a ver com o cultivo e a sustentação da confiança. Pode-se extrair, do que diz Confúcio, que uma cultura de confiança é um dos bens mais importantes que qualquer empresa pode ter; devendo ser valorizada e preservada por seus líderes. Sem confiança não existe a possibilidade de obter um desempenho verdadeiro por longo tempo.

“Deveríamos pisar no acelerador. Não é o suficiente, não temos tempo! Não podemos matar um leão por dia, tem que ser pelo menos dois” Martelava o curto prazo – nova freada marcando o chão.

Um relâmpago em sua mente ilumina os momentos do ano em que o grupo necessitou relembrar e reeditar conceitos básicos sobre bons modos, bons relacionamentos e cultivo da gentileza como tônica de trabalho e de desenvolvimento para todos os projetos. “O Caminho Dourado do Meio” de Confúcio.

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“Quem segue por ele tem mais chances de alcançar suas metas, porque nele encontra muito menos inimigos que poderiam interferir em seus propósitos”.

Projetos começam a dar mais certo que antes. Mais produtividade, começamos a ganhar mais mercado. A mágica do caminho do meio. “Ninguém sabe bem o porquê, mas de repente ficou muito mais legal trabalhar aqui”…

Ainda na luz rápida do raio mental, vislumbrou o grupo de trabalho alcançando um balanço mais e mais estável em termos de relacionamentos – equilíbrio entre diversidade, personalidades, opiniões, ideologias, histórias, conquistas e interesses. Ficou gostoso conviver e discutir o negócio, ficou mais interessante criar em conjunto, renovar, conversar, inovar. Viu num relance alguns que deixaram o barco ao longo do caminho – de forma natural, sem drama, apenas porque aquele não era mais o barco onde se sentiam confortáveis.

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Ouviu claramente o Mestre Confúcio: “Não faça amizades com quem não se parece com você. Se dois não concordam com o que é fundamental, é inútil fazerem planos juntos”.

Precisava escrever seu relatório anual para os acionistas. Sua mente vagou pelos que matam os tigres com as mãos nuas e agradam bastante aos acionistas a cada trimestre – mesmo que apenas por alguns trimestres, antes que os estragos de longo prazo comecem a cobrar a sua fatura de forma inexorável. Um modelo bastante atual, ainda. Pena.

Uma virtude importante da liderança é a paciência e este aspecto é infelizmente bastante negligenciado por grande parte dos líderes atuais. Entretanto, o sucesso duradouro deve ser construído durante muito tempo – Já dizia Confúcio há 2500 anos!

Confúcio ou Kung-Fu-Tse (551-479 a. C.):  Filósofo chave para entender a China (e também muitas outras nações orientais) de ontem, hoje e sempre. A Essência de seus ensinamentos fala do princípio da medida e do meio, com uma valorização inabalável das tradições históricas estabelecidas. Para ele, o princípio base para o desenvolvimento humano era a harmonia e a total consciência dos homens sobre os seus deveres em relação à sua família e ao Estado. Para ele, o nobre identifica o caminho e tenta dar um sentido positivo à vida, seguindo e vivendo em acordo a este caminho. Isto consiste na mais nobre forma de autodesenvolvimento humano. O mais alto estágio de desenvolvimento seria quando o indivíduo é a própria personificação do verdadeiro conhecimento e vive em acordo aos princípios básicos de uma vida verdadeira, sem se preocupar com vantagens pessoais. Neste caso, Nem mesmo uma ameaça à própria existência pode desviá-lo do caminho.

Escreveu várias linhas em seu relatório explicando a arrancada de sua equipe e a perspectiva de resultados muito consistentes ao longo do tempo. Nem mesmo acionistas ávidos para crescer no curto prazo podem desviar a sua verdade.

Mesmo que sua própria existência possa parecer ameaçada.

 

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Fotos: Henrique Sottovia, Google images.

Revisão final: Valentina Monteiro

Referências bibliográficas:

– DROSDEK, Andreas: FILOSOFIA PARA EXECUTIVOS, A sabedoria de grandes filósofos aplicada ao dia a dia empresarial, Veros Editora, 183 pgs.

– Wikipedia