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Conferências Telefônicas – Armadilhas e Artimanhas

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Estamos em uma idade virtual, onde a troca do pessoal pelo distante não é opção, é realidade. Neste complexo, distâncias físicas desaparecem na facilidade do toque e do contato instantâneo, invasivo, até.

E assim, conferências telefônicas são instrumento de trabalho em substituição a longas jornadas e reuniões, na facilidade do imediato, no conforto do qualquer lugar serve.

O mundo do agora é racional. Esse contato instantâneo muitas vezes é considerado como suficiente para substituir totalmente o que antigamente (muito antigamente nos padrões de hoje) era feito apenas com o contato pessoal, frente a frente, olhar cruzando olhar, movimento interpretado como linguagem. Por vezes é esquecido que esta linguagem nova tem suas próprias singularidades e deve ser elaborada de forma profunda como era elaborado profundamente o contato direto e pessoal no passado não tão assim distante…

Surgem confusões e enganos. Atropelos e simplificações; más interpretações e vícios. Acredito que devemos reaprender o contato com estas ferramentas instantâneas. Reaprender como aprofundar relações interpessoais assim, à tanta distância…

A tecnologia e a mente racional voam a velocidade da luz, mas as verdades sobre como se relacionar com o outro seguem presentes, muito presentes, desviando um pouco a tão sonhada produtividade que a tecnologia nos trás.

Como são suas conferências telefônicas?? Por favor, assista ao vídeo anexo antes de responder.

http://www.youtube.com/watch?feature=youtu.be&v=DYu_bGbZiiQ&desktop_uri=%2Fwatch%3Fv%3DDYu_bGbZiiQ%26feature%3Dyoutu.be&app=desktop

Confúcio e os Acionistas

 

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Zi-Lu perguntou: “Se o Mestre quisesse conduzir um grande exército, quem gostaria de ter a seu lado?” Confúcio respondeu: “Aquele que conseguisse derrubar um tigre com as mãos nuas, atravessar um rio sem barco e saltar para a morte sem delongas; este eu não traria comigo. Deveria ser alguém que ponderasse as coisas, que pusesse em prática, com cuidado e atenção, aquilo que planejou”.

O dito de Confúcio varou sua mente enquanto seus olhos dançavam pelos resultados do ano e pelas mensagens de Ano Novo recebidas de sua equipe. “Obrigado por sua orientação neste ano”; “Vamos ter um novo ano sensacional”; reluzia o email. “Muitas felicidades e realizações para você e sua família; conte novamente comigo neste novo ano!”

“Neste ano crescemos, mas foi pouco e não batemos a concorrência como deveríamos!” Uma voz interferiu em sua mente como uma freada brusca deixando o rastro dos pneus no asfalto.

 “Obrigado por ter sido este anjo em nossas vidas!” dizia outro email… Talvez exagero, mas muita emoção, certamente.

Claro e límpido, o plano inicial ressurgiu em sua mente. Plantar bases, criar uma equipe verdadeira, gigante por ser um grupo e não apenas bons indivíduos. Uma operação simples, um trabalho humano, elaborado carinhosamente por todos. Novos processos, desenhados por pessoas. Nova energia, cultivada por pessoas.

O bote furado sendo aos poucos substituído pelo barco tecnológico do rafting; em pleno movimento, com muito suor, água por todos os lados, Alguns gritando em aparente desordem, outros compreendendo rápido e agindo em silêncio na reparação do que esvazia a energia. Veio à sua mente o esforço e dedicação que somente a confiança pode alcançar. De repente o barco começa a navegar com mais sentido, com a direção correta, Yes!!

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Confiança – Confúcio.

Segundo a sua filosofia, pode-se concluir que a tarefa mais importante do executivo é ser equilibrado. Isto tem a ver com o cultivo e a sustentação da confiança. Pode-se extrair, do que diz Confúcio, que uma cultura de confiança é um dos bens mais importantes que qualquer empresa pode ter; devendo ser valorizada e preservada por seus líderes. Sem confiança não existe a possibilidade de obter um desempenho verdadeiro por longo tempo.

“Deveríamos pisar no acelerador. Não é o suficiente, não temos tempo! Não podemos matar um leão por dia, tem que ser pelo menos dois” Martelava o curto prazo – nova freada marcando o chão.

Um relâmpago em sua mente ilumina os momentos do ano em que o grupo necessitou relembrar e reeditar conceitos básicos sobre bons modos, bons relacionamentos e cultivo da gentileza como tônica de trabalho e de desenvolvimento para todos os projetos. “O Caminho Dourado do Meio” de Confúcio.

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“Quem segue por ele tem mais chances de alcançar suas metas, porque nele encontra muito menos inimigos que poderiam interferir em seus propósitos”.

Projetos começam a dar mais certo que antes. Mais produtividade, começamos a ganhar mais mercado. A mágica do caminho do meio. “Ninguém sabe bem o porquê, mas de repente ficou muito mais legal trabalhar aqui”…

Ainda na luz rápida do raio mental, vislumbrou o grupo de trabalho alcançando um balanço mais e mais estável em termos de relacionamentos – equilíbrio entre diversidade, personalidades, opiniões, ideologias, histórias, conquistas e interesses. Ficou gostoso conviver e discutir o negócio, ficou mais interessante criar em conjunto, renovar, conversar, inovar. Viu num relance alguns que deixaram o barco ao longo do caminho – de forma natural, sem drama, apenas porque aquele não era mais o barco onde se sentiam confortáveis.

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Ouviu claramente o Mestre Confúcio: “Não faça amizades com quem não se parece com você. Se dois não concordam com o que é fundamental, é inútil fazerem planos juntos”.

Precisava escrever seu relatório anual para os acionistas. Sua mente vagou pelos que matam os tigres com as mãos nuas e agradam bastante aos acionistas a cada trimestre – mesmo que apenas por alguns trimestres, antes que os estragos de longo prazo comecem a cobrar a sua fatura de forma inexorável. Um modelo bastante atual, ainda. Pena.

Uma virtude importante da liderança é a paciência e este aspecto é infelizmente bastante negligenciado por grande parte dos líderes atuais. Entretanto, o sucesso duradouro deve ser construído durante muito tempo – Já dizia Confúcio há 2500 anos!

Confúcio ou Kung-Fu-Tse (551-479 a. C.):  Filósofo chave para entender a China (e também muitas outras nações orientais) de ontem, hoje e sempre. A Essência de seus ensinamentos fala do princípio da medida e do meio, com uma valorização inabalável das tradições históricas estabelecidas. Para ele, o princípio base para o desenvolvimento humano era a harmonia e a total consciência dos homens sobre os seus deveres em relação à sua família e ao Estado. Para ele, o nobre identifica o caminho e tenta dar um sentido positivo à vida, seguindo e vivendo em acordo a este caminho. Isto consiste na mais nobre forma de autodesenvolvimento humano. O mais alto estágio de desenvolvimento seria quando o indivíduo é a própria personificação do verdadeiro conhecimento e vive em acordo aos princípios básicos de uma vida verdadeira, sem se preocupar com vantagens pessoais. Neste caso, Nem mesmo uma ameaça à própria existência pode desviá-lo do caminho.

Escreveu várias linhas em seu relatório explicando a arrancada de sua equipe e a perspectiva de resultados muito consistentes ao longo do tempo. Nem mesmo acionistas ávidos para crescer no curto prazo podem desviar a sua verdade.

Mesmo que sua própria existência possa parecer ameaçada.

 

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Fotos: Henrique Sottovia, Google images.

Revisão final: Valentina Monteiro

Referências bibliográficas:

– DROSDEK, Andreas: FILOSOFIA PARA EXECUTIVOS, A sabedoria de grandes filósofos aplicada ao dia a dia empresarial, Veros Editora, 183 pgs.

– Wikipedia

Raio Em Noite Quente

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As letras do Blog eram precisas e bem nítidas. Para ele, aquele cartão vermelho da foto de abertura da matéria era mais que um alerta:

“Recentemente o Grupo Empreenda, conceituada Consultoria empresarial de São Paulo, realizou uma pesquisa sobre as principais preocupações dos líderes empresariais hoje em relação ao seu futuro. Foi realizada com 201 profissionais no Brasil, entre os quais, 35% são presidentes ou líderes de empresas.

Quando perguntados sobre quais são os principais sintomas que atormentam suas empresas, 43,6% dos executivos responderam que são as estratégias, “brilhantemente arquitetadas, mas que não conseguem sair do papel e que nem sempre funcionam quando são implementadas”. Para 39,6%, o problema são as pessoas desmotivadas ou infelizes por não conseguirem desenvolver seu potencial ou pela falta de um significado para o trabalho e 37% apontaram como fonte de preocupação a retenção de talentos.

Na avaliação de 39,6% as causas desses sintomas são pessoas despreparadas. Para 33,5% a origem dos problemas está em um modelo de gestão ultrapassado e 22,8% apontam a falta de lideranças e de integração entre as áreas como principais motivos para esses tormentos empresariais…”

O aviso laranja do outlook chamava a atenção para as milhares de mensagens e ações a serem tomadas naquele mesmo instante. O calendário eletrônico e suas mensagens de compromissos atrasados batia intermitente. Droga, conferência telefônica daqui a 5 minutos… Vazio no estômago com gosto de muitos cafés.

“Nesta pesquisa, 48% dos executivos acreditam que as empresas devem promover muitas mudanças nos modelos de gestão, negócios e de liderança, entre 2013 e 2015. Já para 22,7%, as organizações devem transformar totalmente a forma de gerir seu desempenho e liderar pessoas…”

Enquanto clicava para desligar o aviso laranja e incômodo, a conversa de ontem entrou em sua consciência como onda em praia seca. O ruído da areia molhada de surpresa invadiu o ambiente de ar condicionado e ele pode até ouvir aquele chiado parecido com água em óleo quente, implacável, dominante. Já não podia mais considerar que aqueles minutos de conversa tinham sido somente mais uma típica e vazia conversa corporativa.

Como um doente que se dá conta de seus sintomas, tomou nota de algumas palavras no post-it que estava sobre sua mesa: “Gestão, pessoas, liderança, significado, estratégia.”

Foram longos segundos – o aviso laranja faz toda a dimensão do tempo caber em alguns segundos de piscar intermitente – de contemplação ao amarelo intenso do post-it antes de começar de novo o bailado dos clicks do mouse. Lia mensagens e tomava decisões instantâneas deixando a janela com aquele cartão vermelho gigante aparecendo num canto da tela.

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Foi interrompido pela onda que voltava drenando a areia e os seus pensamentos:

“Está na hora de reinventar as empresas, valorizando aspectos intangíveis e sepultando de vez os modelos de gestão que aprendemos no século passado”, afirma o cunsultor César Souza, autor do trabalho.”

Colou o post-it na parte superior da tela do notebook, bem próximo do cartão vermelho. A conversa requentada de ontem entrou como um raio em noite quente. Forte, nítido, abafado:

“Não creio que seja possível conciliar tudo o que temos que fazer com horas normais de trabalho, esqueça.” “É necessário uma energia nova, que possa dar muito mais que 100% de dedicação e acelere muito o processo.” “Acho até necessário balancear ritmo e qualidade, mas não dá para esquecer que temos que ser os vencedores, esta é a nossa estratégia! Temos que ganhar mais negócios acelerando todos os nossos processos!”. “Acho que nosso pessoal não está dando o suficiente gás para conseguir o que queremos.”

O post-it agora pulsava substituindo a luz eletrônica para os seus olhos. Pessoas, Gestão… Estratégia…significado…liderança…

O trovão daquele raio finalmente ecoou em sua mente, lembrando do velho automóvel que estava em reformas já há algum tempo. Difícil achar as partes, difícil porque já ultrapassadas. Não havia mais carburador, ou platinado. Não havia mais as lanternas e luzes convencionais. Outro paradigma estava instalado, não mais aquele dos seus 12 anos, quando aquele carro era a tecnologia a ser imitada. Simplesmente aquele modelo ficou velho, não há mais peças; apenas alguns colecionadores fazendo o trabalho histórico de não esquecer que já foi daquele jeito.

O futuro invade como o mar entra sem licença na praia seca, com ruído e tudo. Simplesmente o que era já não é, apenas foi. Na dança dos clicks de seu mouse, riu de si mesmo – já fui. Olhando o post-it pulsante veio um suspiro de alívio, tudo passa. Raios e ondas, modelos de gestão e pessoas, estilos de liderança e ambientes estressados.

Na janela do seu computador aparecia novamente o final da matéria do blog:

“Nesta pesquisa, 48% dos executivos acreditam que as empresas devem promover muitas mudanças nos modelos de gestão, negócios e de liderança, entre 2013 e 2015. Já para 22,7%, as organizações devem transformar totalmente a forma de gerir seu desempenho e liderar pessoas…”

Neste planeta os raios invadem as noites quentes e as ondas invadem as praias secas. Nada será como antes.

(quase) Sempre.

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O Tempo da Alma

A digestão das coisas pela alma leva um tempo completamente impossível de se prever. Um instante ou um milênio, não importa. Há que ser respeitado e venerado. É preciso ouvir a alma, aceitar sua súplica, reconhecê-la em seus anseios, aceitar suas vulnerabilidades e virtudes. É a única forma possível de transcender e avançar – para descobrir a próxima questão e repetir o processo.  

As questões de alma parecem pegajosas e inconvenientes vistas pela dimensão racional do nosso mundo. “Complicam a vida”. Creio que um dos grandes desafios da liderança corporativa seja encontrar o tempo da alma dentro do tempo do acionista. (e vice-versa).

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Naquele momento descobri que precisava muito mais tempo para aquela conversa.

Senti tocar algo realmente importante. Toquei ali, com toda a delicadeza que pude, e verifiquei, em seu olhar, que havia quebrado um fino e tênue cristal interno; profundo, doído e difícil de tragar.

A conversa já andava na sua metade, tínhamos meia volta de ponteiro para restaurar o estrago ou modificar o que se quebrara de forma inexorável. Tiquetaqueávamos ansiosos, trêmulos e hesitantes; em vozes e conexões subliminares; ás vezes chegando, ás vezes partindo, construindo tudo e destroçando de forma voraz cada segundo.  Angústia.

Cruel relógio mental, que nada tem a ver com a necessidade de expansão dos sentimentos; da alma humana. Imprevisível tempo físico necessário para relações humanas, mais ainda quando os racionais tempo e recurso são medidos e tabelados de forma cartesiana, precisa. Reunir-se com alguém no trabalho deveria ser mesmo “Re-unir-se” com alguém. Poder explorar a união em seus tempos, espaços, vazios e preenchimentos – com toda a alma e todo o tempo do mundo.

“Racional-mente” delimitamos nosso tempo de união, de “re-união”. Pena.

Sorte o relógio da alma não se importar com a ordem linear do fluir físico do tempo inventado pela razão. Por vezes instantâneo ao brindar-nos com soluções, conclusões e respostas transcendentais. Por vezes infinito na necessidade da introspecção para fermentar o novo caminho a seguir. A alma não se importa com nossos comezinhos limites de terceira dimensão. Ela simplesmente é; como estava sendo naquele momento sentada à minha frente com aquele traje correto de competente executiva.

Uma lágrima surgiu no canto dos seus olhos azuis. Umidamente mortal.

Suas palavras e explicações não esconderam o suspiro profundo da urgência visceral em correr daquela sala. Veio a certeza da invasão de território, do avanço do sinal, do atropelamento do outro no exercício experiente, perspicaz, do trato profissional sobre o desempenho de alguém. Orgulho e culpa.

Chegou o cerne da questão, com garras, dentes e urros. Chegou afogado estabanado. Crispado, melado, sonolento. Um tema central para tratar em uma vida. A lágrima apenas negava o encontro banal com o chefe numa quarta-feira de manhã para descobrir dragões. Surpresa.

Uma torrente poderosa como uma catarata gigante, contínua – Iguaçu – saltou em borbotões inundando o rosto jovem.

Silenciamos por trinta segundos – mil anos. Conversa de almas.

Vi fascinado o espetáculo da razão invadir o ambiente enquanto os lenços de papel se acabavam. Veio vibrante, conectada; num jogo alucinado, desfilando como outra enxurrada volumosa, colorida e descabida nas explicações lógicas, maravilhosas. Invadiu inundando a sala de sobrevivência, súplica, amparo e pedido de desculpas. Medo.

Calei e ouvi; atônito, feliz. Reconheci o exercício do ego defendendo a existência do ser.

Interferi objetivando a conversa como ensina a cartilha dos executivos competentes.  Plano de ação delineado, próximos passos claros, devida correção de rota para melhor desempenho,  oportunidades que se apresentam como chance de desenvolvimento futuro, mais e mais racionalizações convenientes. Reunião bem sucedida. Alívio da mente.

Olhei seus olhos por trás do sorriso. Meio escondida ainda andava por lá a famosa lágrima da alma invadida.

Desviei o olhar para o relógio. Nosso tempo se esgotara.

Ela deixou a sala num rastro de perfume. Olhei para a janela enquanto o telefone tocava insistente e intrometido.

É preciso cautela para avançar nos assuntos da alma humana; podem existir dragões adormecidos esperando um cutucão. Temos mesmo o direito de cutucar dragões alheios?

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Existem dois tempos?

Cachoeira do Simão - Gonçalves, MG - Foto S. Tango

Acordar, levantar, tomar um bom e demorado banho e um senhor café da manhã – totalmente mineiro, com pãozinho de queijo, docinhos e bolo de fubá – completinho. Depois um bom descanso com um dedinho de proza com os outros hóspedes da pousada em Gonçalves, MG.

Uma proza esticada com referências de passeios, visitas feitas à cachoeiras distantes e dicas de bons restaurantes e bom café; passando por endereços para artesanato e doces típicos.

Sem pressa a preparação da caminhada carregando a máquina fotográfica, o cantil, um boné estratégico junto com o banho de filtro solar no rosto e braços. Uma caminhada agradável e o “efeito cebola” de ir tirando os casacos a medida que o dia esquenta gostoso. Uma foto aqui, uma paradinha ali, uma trilha fácil e um terreno de montanha – com a luz brilhante sempre realçando os verdes e os azuis do caminho. Anda-se muito, a fome aperta, o coração agradece a paisagem exuberante.

Na volta o sentimento do suor vivo com o sol já forte e a boa sede da caminhada revigorante. Uma outra parada, uma nova foto, uma outra cachoeira, uma nova árvore bonita e a paisagem da distância de muitos tons.

São 11:30 quando olho pela primeira vez no relógio – já havíamos vivido um ano naquela manhã.

O tempo é nosso.

Uma manhã normal em São Paulo.

Acordar, correr, pular da cama e tomar um banho apressado no frio da manhã. Barba, loção, roupa. Os meninos para levantar são um sufoco. Café da manhã corrido de uma vitamina batida – o som estridente do liquidificador na manhã ainda escura.

Correndo pegar o carro e sair com os meninos para a escola – pegaram o lanche? a marmita? a mochila? Atrasados, sempre. 

O rádio indica caminhos e engarrafamentos – muitos. A Raposo Tavares está parada – vamos pelo caminho alternativo por dentro – lentidão, um montão de carros. O rádio vai falando, o silêncio no carro vai reinando. Chegamos na fila da entrada da Escola, deixo os meninos com um “boa aula” meio automático. Pegar a Raposo de volta e entrar no Rodoanel. Parado.

Parado, andando, parado, andando – corto pela direita, depois pela esquerda, passo pelo sem parar e chego na Castelo. Parada, andando, parada. O rádio fala, a Castelo não anda. Um pouco de acostamento, um pouco na esquerda, entro na reta final do Tamboré.

O prédio ainda está acordando – chego para um café da manhã já atrasado, já demorado antes de se iniciar. Um pãozinho, um café com leite, fatias de mamão. Subo o elevador ainda com leite e café no pensamento. O que será hoje?

Um mar de interrupções. Um mar de telefonemas, e-mails, conversas rápidas e inacabadas. Um pensamento do que fazer e de como planejar, uma frustração de não poder fazer tudo o que se deveria.

Um mar de interrupções que é interrompido vez ou outra pela resolução de problemas e finalização de tarefas.

São 11:30 quando olho pela primeira vez no relógio. Ainda não tinha ido ao banheiro hoje.

O tempo é nosso?

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Executivos – Em Busca do Cálice Sagrado

Em seu livro “Espiritualidade no Ambiente de Trabalho: Dimensões, Reflexões e Desafios” – Ed. Atlas, 2008; o autor A.F. Vasconcelos cita uma alarmante pesquisa realizada com 25.000 executivos Brasileiros; onde se verificava a saúde do grupo de forma geral.

Os resultados foram:

– 80% tinham a alimentação desequilibrada;

– 70% apresentavam altos níveis de estresse;

– 65% eram sedentários;

– 60% apresentavam excesso de peso;

– 50% consumiam álcool regularmente;

– 40% eram fumantes;

– 26% apresentavam algum tipo de doença dermatológica;

– 25% tinham altos níveis de colesterol;

– 19% sofriam de hipertensão;

– 16% apresentavam gastrite ou úlcera gástrica;

– 15% sofriam de fadiga.

Cita também um levantamento similar realizado pelo Hospital Albert Einstein em São Paulo, com 400 Presidentes de Empresas, que, além de apresentar resultados muito similares a pesquisa anterior, mostrou claramente que o fato de subir na carreira é de forma geral diretamente relacionado a um efeito devastador na saúde dos indivíduos.

Os líderes empresariais e os executivos em geral são pessoas impulsionadas pela competição, pelo desejo ardente do poder, glória e reconhecimento. Mas ao perseguirem estes objetivos podem arrastar a si mesmo e a todos ao seu redor para sérios problemas de saúde.

O maior obstáculo para um maior equilíbrio é justamente o paradoxo entre perseguir ao mesmo tempo alto desempenho e melhor qualidade de vida. Não é difícil perceber que em nossos dias ainda é absolutamente difícil persuadir o mundo dos negócios que iniciativas de qualidade de vida aos executivos podem realmente agregar valor econômico real e melhor aos acionistas do que o valor financeiro agregado normalmente por atuações doentias de executivos estressados e sobrecarregados.

Vasconcelos diz que: “Desde que Deus expulsou Adão e Eva do Paraíso, trabalhar muito significa castigo. Hoje porém, trabalhar menos que os demais (mesmo que seja muito) quer dizer fraqueza. E os fracos, no mundo dos negócios, perdem espaço. É cruel, é desumano. Mas é a lógica que rege este mundo financeirizado.”

Realmente as vidas dos executivos estão “financeirizadas”; sua rotina é de altos e baixos, sua atuação tenta conciliar conceitos aparentemente irreconciliáveis tais como sempre garantir o retorno aos acionistas e ao mesmo tempo garantir um legado ético para as gerações futuras. É uma sucessão de paradoxos.

Porém, os executivos seguem em sua busca ao “cálice sagrado”, para o máximo do prazer possível – conciliar satisfação e alto desempenho todo o tempo em suas carreiras.

Em busca do Cálice Sagrado

Para tal, vivem em busca de um alinhamento de fatores que normalmente estão em contraposição, que estão naturalmente desalinhados, em constantes paradoxos, dia após dia, ano após ano.

Quando vez por outra este alinhamento se dá – e isto acontece mesmo vez por outra, contam muitas histórias relatadas por executivos – ele/ela tem a certeza de que alinhar alto desempenho, muita satisfação e qualidade de vida é realmente possível e recompensador, reforçando a necessidade de dedicar sua atenção e toda a sua carreira para que estes alinhamentos raros e efêmeros novamente ocorram. (Vale aqui citar que vários relatos e várias respostas para um questionário específico sobre satisfação e alto desempenho, desenhado para um grupo de executivos brasileiros, colhidos pelo autor durante o ano de 2008, baseiam muitas afirmações e suposições deste artigo).

Porém, pela amostra estudada nota-se que este alinhamento entre alta satisfação e alto desempenho para os executivos é mesmo muito raro e efêmero, todos concordam. No entanto, ele é tão marcante e transformador na vida dos executivos que eles não se importam realmente ao suportar enormes tensões, durante anos; às vezes; para saboreá-los uma vez mais em suas vidas.

Poderíamos classificar os executivos como seres apaixonados e heróicos como os que se sentavam junto ao Rei Arthur na famosa Távola Redonda.

Ou simplesmente poderíamos dizer que são apenas viciados na tensão e emoção do mundo corporativo.

O que você acha?

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